sábado, 17 de novembro de 2012

Opinião sobre a Biografia do Pr. José Wellington.

Resenha: biografia do Pr. José Wellington, presidente da CGADB

A biografia de José Wellington, escrita pelo escritor Isael de Araújo, ed. Cpad, apresenta o perfil do presidente da CGADB, e da igreja assembléia de Deus, ministério do Belém, em São Paulo.
O autor da biografia afirma que nao pretendeu, com esse livro, fazer uma hagiografia, ou seja, uma espécie de canonização de José Wellington, porém cumpre exatamente o papel que, em vão, tentou negar.

Passo a relatar algumas das minhas impressões do que li:

O prefacio, escrito pelo filho do biografado, pr. Jose Wellington Junior, me parece uma espécie de elogio em boca própria, mesmo reconhecendo que se trata do presidente do conselho administrativo da Cpad, nao considero de bom testemunho o filho prefaciar a biografia do pai, torna se uma obra nao autentica, descendo a lavra de documento áulico e simplesmente bajulador.
Constato ainda o sentimento de rancor para com os seus legítimos adversários, mais especificamente, o Pr. Samuel Camara, como se deu na frase: "hoje nos deparamos com muitos que querem se engrandecer e alcançar o que nosso pastor já alcançou", como se fosse ilegítimo almejar ser presidente da CGADB. Manifestações como essa se repetirão por todo o livro. Em muitos momentos os ataques são dirigidos ao Pr. Samuel Camara, mas sem cita-lo.
Diz o ditado popular que "elogio em boca própria eh vitupério", assim se deu. Melhor seria, que um dos muitos obreiros antigos da assembléia de Deus fizesse o prefacio, daria maior respaldo a obra. Mas vamos ao que interessa:

Sobre o estilo literário do autor.

O autor, na introdução, cita a definição de biografia do pastor John Piper: "uma boa biografia tem história, teologia, aventura e suspense", infelizmente nenhum desses ingredientes fez parte da biografia de José Wellington escrita por Isael de Araújo.
Linguagem truncada que nao conduz o leitor a uma conclusão natural do que se quer dizer, rodeios e subterfúgios de linguagem travam a fluidez do entendimento fazendo da leitura um sacrifício, uma jornada dolorosa e cansativa. Por vezes tive que parar a leitura no meio de um enunciado para descobrir o que o autor queria dizer.
A biografia começa com um um parágrafo que nao prende a atenção do leitor:
"sabe se, que, primeiramente, as terras que margeiam o Rio Curu foram habitados por índios anace, Apuiare e outras etnias de língua Tapuia". Se José Wellington fosse indígena caberia tal inicio, mas como nao o eh, tornou se uma informação sem importância.
O autor inicia narrando uma região do estado do Ceara, em uma frustrada tentativa euclidiana de emoldurar o ambiente histórico narrado, mas que nao logrou êxito, antes complicou ainda mais um começo que já se previa desastroso p uma biografia de mais de 300 páginas.
Certamente, nem o mais ardoroso admirador de José Wellington se interessaria por detalhes tão mal abordados.

Sobre o conteúdo da biografia

Tentou se fazer a apresentação do biografado em diferentes aspectos:
Vida pessoal. Nascimento, pais, família, lugar onde nasceu e sua trajetória na infância e juventude.
Vida crista. Desde a conversão dos pais e dele mesmo ate experiências sobrenaturais.
Vida familiar. Casamento e relacionamento c filhos e demais descendentes.
Vida profissional. Como comerciante e desenvolvendo atividades afins.
Ate aqui nada que interesse ao leitor sobre o que notabilizou o biografado, ou seja, sua trajetória como pastor.
A partir do tema vida ministerial, passa se a narrar os degraus ministeriais ate ser pastor presidente do ministério do Belém.
Nesse tópico o autor apresenta o biografado como alguém que chegou a presidência do ministério do Belém em são Paulo, enfrentando o descontentamento dos lideres veteranos da assembléia de Deus, mas sempre destacando o lado triunfalista da história, nao entrando em detalhes quanto ao mérito do descontentamento.
Fosse uma biografia produzida dentro dos padrões jornalísticos, que se espera, ouviria se o depoimento das partes contrárias, apurando e relatando versões divergentes, dando assim maior veracidade ao livro.

Sobre o tema: convenção geral das assembléias de Deus

Depois de narrar a chegada de José Wellington a presidente da CGADB, o autor torna se porta voz do receio que o Pr. José Wellington, de 78 anos de idade, tem de ser substituído pelo seu opositor. O biografado deixa claro que quer ser substituído por alguém que eh seu aliado, assim afirma: "José Wellington crê que Deus há de levantar alguém que tenha a mesma formação dele". (p. 271).
Esse receio torna se ainda mais nítido, quando afirma que seu oponente (leia se: Samuel Camara) representa o que ele chama de "liberalismo", em contra ponto ao estigma "conservador", que José Wellington assume. "A igreja na cabeça deles (Samuel Camara) eh uma igreja liberal. Então eles querem levar a assembléia de Deus para dentro do modelo que eles vivem. A minha luta eh contra isso". (p. 286).
Eh lógico que uma das maneiras de travar uma luta eh colar rótulos, na maioria das vezes inverossímeis, nos possíveis opositores.
Nesse tom bélico contra seus opositores, José Wellington afirma: "há uma obsessão pela presidência da CGADB e a querem por qualquer meio. Se precisarem fazer um negocio errado aqui eles fazem; se precisarem juntar aqui eles juntam; se precisarem dividir ali eles dividem; compram aqui, vendem ali. Fazem qualquer coisa para ver se conseguem chegar a presidência da convenção Geral". (p. 309).
Parece me um desabafo bastante apelativo, um verdadeiro golpe baixo, as vésperas de um processo eleitoral legitimo que ocorrera em 2013 em Brasília.
Porém, o que mais me preocupa quanto as eleições para a presidência da CGADB foram as seguintes afirmações:
"José Wellington diz que nao pode aceitar de maneira nenhuma, como líder da CGADB, um grupo que vai as Assembléias Gerais para gritar e promover desordem. Para ele, são pessoas insufladas por alguém (leia se: Samuel câmara) que nao esta interessado em fazer o bem a Assembléia de Deus". (p. 309).
Ao afirmar que, "nao pode aceitar de maneira nenhuma como líder da CGADB" o seu opositor, Jose Wellington deixa claro que, mesmo que seu opositor seja eleito legitimamente pelo voto numa convenção geral, nao reconhecera sua vitoria, gerando assim a especulação de um possível golpe institucional ou divisão.
Quanto as manifestações nas assembléias gerais, exceto as violentas e ilegais, são legitimas naquele contexto, cabe as partes se respeitarem, para que haja um bom andamento dos trabalhos, o respeito eh uma via de mão dupla, onde há "rolo compressor" ali haverá "o direito de espernear".
Em suma, há aspectos louváveis na biografia do Pr. José Wellington, deve ser reconhecida sua vida pastoral, familiar e no exercício das mais diferentes funções que exerceu, com destaque para sua capacidade administrativa e espiritual. Alguém que chega aos 78 anos de vida em pleno exercício ministerial e tendo uma vida familiar integra e exemplar deve ser digno de respeito.
No entanto, respeitosamente, quem em sua biografia afirma amar a instituição e zelar por ela, deve se curvar a vontade da Assembléia extraída das urnas e nao apostar na instabilidade da instituição.

Em breve, outras considerações.