quinta-feira, 18 de junho de 2015

RESENHA DO LIVRO "OS JUDEUS E AS PALAVRAS". AUTOR: AMOZ OZ/ FANIA OZ-SALZBERGER. COMPANHIA DAS LETRAS. 2015

Os autores apresentam a similitude entre cultura e linguagem na construçao da cultura judaica no decorrer dos seculos. enfatiza o perfil escrito das narrativas hebreias e o contato com os livros como aspecto intrinseco da consciencia cultural judaica.

Desde a revelaçao do Deus de Israel e seu cuidado para com o seu povo, os autores apontam, atraves de uma abordagem secularista e afastada da religiao, a construçao da linguagem religiosa, nos canticos dos canticos, proverbios, salmos e outros textos da Torá.

"Meu pai educou seus filhos, meninos e meninas, nas coisas celestes e terrenas". Glikl, rabino.
No judaismo, o papel dos pais tinha, e talvez tenha, um aspecto academico. ser pai ou ser mae significava executar em algum nivel um ensino baseado em texto, e ser filho ou filha envolvia um certo minimo de estudo, pelo menos recitar algumas formulas. isso significa sobrevivencia cultural.
as crianças foram feitas para herdar nao so uma fe, nao so um destino coletivo, nao so a marca irreversivel da circuncisao, mas tambem o selo formativo de uma biblioteca. eraa preciso ter os livros.

Que eu possa fazer que aqueles que me amam herdem substancia, e que eu possa encher seus tesouros.
em outro momento favorito do pessah relacionado com crianças perguntando, "os quatro filhos", Hagadá relata que tres entre quatro filhos - o sabio, o malvado, e o simplorio - formulam perguntas dificeis, cada um a sua maneira. como os filhos representam distintos tipos intleutais, as perguntas variam em sofisticacao e erudicao, mas cada uma merece uma resposta individualizada. so o ultimo filho, aquele que ainda nao sabe perguntar, deve ser abordado pelo pai (e te aproximaras dele).
o mais interesssante, de longe, é o filho malvado: "o que significa todo esse esforço para voces?", ele lança no ar. Aos olhos modernos trata-se de um tipico adolescente questionador.

outras culturas tradicionais teriam mandado açoitar o rapaz. nao que pais judeus nunca administrem castigos corporais, mas em torno da mesa do Pessach o "filho malvado" recebe uma resposta verbal, embora bastante dura, sinalizando que o pai se recusa a desistir desse rebento extraviado. Passar a tocha envolve uma abordagem esperta a adversidade adolescente.

A Torá guarda os judeus na medida em que eles guardam e transmitem a Torá.

entao, quando se fugia para salvar a vida de um massacre ou de um pogrom, de um incendio em casa ou na sinagoga, eram as crianças e os livros que se levava junto. os livros e as crianças.

(em breve darei continuidade)