Quem?
Estudante de escolas públicas e contemporâneos de sujeitos mal afamados conhecidos como: Póia, Virgulino, Peróba, Gué, Robocop, além do terrível Caboré que, como marca registrada, tinha uma enorme cicatriz que cruzava o rosto esquerdo, lembranças de uma terçadada que certamente lhe marcou também os traços da personalidade. O futebol no campinho da igreja católica era agenda diária com essa turma, ali exercia liderança e conquistou o respeito de todos com diálogo e capacidade de se impor em momentos de cabeça quente. Muitas vezes flagrava-os fumando maconha e usando cocaína aos fundos da igreja, em plena tarde, com a maior naturalidade, sem serem importunados por ninguém. Alguns destes foram alcançados pelo seu testemunho e abandonaram as drogas.
Nesse contexto viveu sua adolescência, no entanto a rígida educação Bíblica o protegia da influencia desse meio, cresceu dedicado à igreja que fazia parte e também aos estudos, disciplina era a regra de ouro no ambiente da família, conhecia o sacrifício e o valor das pequenas vitórias. Logo na juventude aprendeu a grandeza do trabalho e do sacrifício pessoal, viveu a adolescência nos anos de grande inflação e conhecia o dia a dia do trabalhador assalariado no gigantesco desafio de viver com um salário mínimo em tempos de hiperinflação. Acompanhava o pai nas compras de todos os domingos na feira do bairro, inúmeras vezes testemunhava sua tristeza ao ver que um produto de extrema necessidade da família quase duplicava de preço em uma semana, sem, no entanto, ter a mesma correção salarial, inviabilizando assim a compra. Feijão com jabá (carne seca) era o prato mais presente na sua mesa naqueles dias. Até mesmo o caderno de estudo era racionalizado, de tal maneira que utilizava todo o espaço do papel, e quando acabavam as folhas, pedia outras dos colegas e assim adaptava um novo caderno com as folhas que conseguia, pregando-as com o grampeador que emprestava na secretaria da escola.
Desde muito jovem aprendeu a trabalhar ajudando o pai na panificadora do bairro Nova Esperança. Ajudou a construir o forno a barro, cimento e barro misturado com açúcar e sal, passava as tardes “colando” barro para construir o forno. Depois aprendeu a fazer pão, preparava a massa, aquecia o forno, colocava os pães no forno, tirava-os muito quentes, empacotava e entregava aos comerciantes, além de vender aos clientes. Aprendeu a vencer a timidez, comunicava com desenvoltura e segurança. Nas madrugadas em que esperava a fermentação dos pães, à espera do forno, gastava longos períodos de oração, não podia dormir para não perder o tempo de colocar os pães no forno, fortalecia a comunhão com Deus, noites inesquecíveis na incessante busca pelo poder do Espirito Santo.
Nos estudos sempre dedicado, foi alvo da rigidez de velhos professores o que o fez mais constante em perseguir o sonho de ser alguém prospero na vida... QUALQUER HORA DESSAS CONTINUO...
A CHUVA
Há 9 anos