A descriminalização das drogas
O tema da livre comercialização das drogas tem sido tratado no meio evangélico de modo amador e passional, desconsidenrando, obviamente, as evidenciais econômico-sociais que envolvem a temática das drogas.
Assisti em Brasília o documentário “quebrando tabus” apresentado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e fiz uma sincera revisão sobre o assunto. Considerei que todos os investimentos, esforços governamentais e iniciativas para reprimir o uso e o tráfico de drogas não surtiram efeito nenhum. Hoje, em Manaus, pode-se comprar drogas com toda a liberdade nas chamadas “bocas-de-fumo”. O numero de dependentes químicos só aumenta dia a dia e os esforços do poder publico só tem jogado dinheiro no ralo da corrupção e da ineficiência.
O principal argumento dos que não apóiam a descriminalização das drogas é de que haverá um grande aumento no numero de usurários. Trata-se de uma classica leviandade, pois se alguém hoje quiser usar drogas tem toda a liberdade para usar e para comercializar. Em todos os bairros há pontos de vendas de drogas e os jovens transitam por esses lugares livremente.
Nesse diapasão o discurso evangélico tem se mostrado descompassado das reais demandas da sociedade, o que, infelizmente não é novidade nenhuma. A hipocrisia de se afirmar que a descriminalização das drogas vai gerar “a autorização legal para que principados e potestades espirituais da maldade tenham mais liberdade para agir através das drogas” é um argumento quixotesco para não chamar de ridículo e risível. Não se pode diminuir o discurso cristão a chavões histéricos e balsâmicos de consciência e não de alma.
Durante mais de quatro anos fui pastor com ministério exclusivo para jovens e me deparei com jovens drogados que alcançaram libertação através do nosso ministério. Esses jovens tinham como principal inimigo o fácil acesso a drogas e aos traficantes. Convivi com pessoas que procuravam apoio medico e psicológico e não encontravam, pessoas que foram libertas de modo sobrenatural tornando-se exceções em meio a outros que caiam e voltavam as drogas.
Como pastor evangélico que orienta diferentes gerações posiciono-me a favor da descriminalização das drogas a partir dos seguintes aspectos:
Não se trata da liberalização das drogas, mas da descriminalização de seu uso e a comercialização sendo feita sob controle do poder publico. Liberar as drogas é algo temerário e muito perigoso considerando os aspectos econômico-sociais do nosso pais, porem regulamentar o comercio e o uso de drogas é oferecer ao usuário locais de venda de drogas legalmente habilitados e autorizados, seringas e instrumentos para utilização das drogas que inibem a proliferação de enfermidades como a AIDS, atendimento medico imediato em casos de overdose ou ataques psicóticos e principalmente apoio espiritual para aqueles que querem se ver livres das drogas.
Experiências de países como Holanda que autorizou lugares específicos para venda e uso de drogas com apoio medico, psicológico para os usuários que querem se livrar das drogas. Portugal que tem clinicas governamentais especializadas no tratamento de dependentes químicos. Espanha que tem o cadastro dos usuários de drogas e oferece a eles tratamento e apoio para deixarem a dependência de drogas, além de outros países e estados que tem desenvolvido uma política anti drogas seria e com resultados consolidados.
Há muitos usuários que saem á noite a procura de drogas e se conhecessem um lugar onde pessoas preparadas para ajudá-las a se libertar das drogas estivessem a sua disposição, nos momentos de crise procurariam essas pessoas antes de utilizarem drogas.
Essa atitude enfraqueceria e feriria de morte o tráfico de drogas que é o principal responsável pelas mortes e propagação dos vícios. Quando a venda de drogas for normatizada pelo governo a figura do traficante será desfeita, a sedução da ilegalidade, que tanto atrai o imaginário de uma boa parcela da juventude também vai se desmistificar e principalmente o poder publico terá uma noção mais clara do numero de usuários de drogas, podendo assim construir uma política de saúde publica para oferecer aos dependentes químicos apoio psicológico, social e espiritual para saírem do fundo do poço das drogas.
A CHUVA
Há 9 anos