quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O ferro quente da injuria

Escravo fugido ou gado vendido, símbolos de escravidão e posse. Ambos tem em comum a cruel marca dos seus senhores feita em sua carne com ferro quente. Nos dias atuais a injuria eh a marca que tem sido muito usada por lideres e instituições ditatoriais.
A desonra e a injuria são as armas dos covardes opressores para denegrir a imagem daqueles que fazem oposição ou ousam discordar do abuso de autoridade. As marcas da injuria teimam em permanecer vivas nao só na carne do escravo, mas na mente e nas emoções.
Marcar alguém com a nefasta injuria eh um procedimento que se repete no decorrer da história nos sistemas autoritários mantidos pelo terror, nas instituições religiosas opressoras e nas sociedades fundamentalistas e subdesenvolvidas.
Os puritanos, por exemplo, de acordo com romance a letra escarlate (The Scarlet Letter) de Nathaniel Hawthorne publicado nos Estados Unidos em 1850, exigiam que a mulher adultera usasse uma marca de desonra, no caso, a letra "A", bordada na roupa da mulher adultera, para a distinguir em meio aquela sociedade, a história se passa na Salem do século XVII, colonizada por puritanos vindos da Inglaterra.
O pelourinho, de igual forma um símbolo de exposição ao escárnio da sociedade, era o lugar onde os escravos eram submetidos a marca da injuria, castigados e maltratados pelos meios mais cruéis que se pode nomear.
Causa espanto que essas praticas nao tenham sido sepultadas no passado, pelo contrario, se repetem nos métodos políticos de instituições e lideranças pouco afeitas ao dialogo e a democracia.
O sistema "rolo-compressor" que se utiliza da forca institucional para atropelar as posições divergentes tem sido cada vez mais utilizado, em linha com a premissa Maquiavélica de que "eh melhor ser temido do que ser amado", ou seja, a opressão amedronta os medíocres e precipita os corajosos.
O apóstolo Paulo põe a injuria em sua lista de obras da carne, a lado da maledicência e da inveja. Somente alguém completamente movido pela carnalidade, tão combatida nas cartas Paulinas, pode agir com tamanha leviandade e mesquinhez.
Que os ventos da democracia em todas as instituições tragam novos ares as suas lideranças, a fim de que as potencialidades de cada líder nao sejam marcadas pelo ferro quente da injuria.