quarta-feira, 17 de abril de 2013

A prorrogacao da zona franca de Manaus uma espécie de seguro desemprego

Nasci e fui criado em Manaus, testemunhei todas as crises econômicas e a consolidação do modelo zona franca, acompanhei o auge e o declínio, fui operário no distrito industrial e, portanto, conheço a realidade do parque industrial de Manaus.
O problema eh que a zona franca tornou-se, ao longo dos anos, uma muleta econômica para o nosso estado.
Se por um lado promoveu desenvolvimento econômico, know how tecnológico e preservação ecológica. Por outro, motivou o êxodo rural, o inchaço da capital e a proliferação das mais atrozes mazelas, especialmente a destruição da cultura regional, especialmente da cultura indígena.
A rota migratória dos indígenas de todas as regiões do Amazonas para Manaus, em busca do eldorado da zona franca, mergulhou as culturas milenares dos ianomamis, tikunas, tukano, etc, em um processo de desvalorização e desculturalizacao de sua língua, culinária e modus vivendi em geral.
Durante os 50 anos do modelo zona franca, os governos que se sucederam nao produziram nenhuma outra alternativa econômica equivalente para o Amazonas, pelo contrario, aprofundaram ainda mais a dependência deste modelo, inchando a máquina e lançando o estado em dividas impagáveis. Esses governos condenaram o rico e esplendoroso Estado do Amazonas a andar com o apoio de uma muleta que lhe tem atrofiado as pernas da economia e sujeitado a sociedade a lentidão rumo ao desenvolvimento.
Hoje, no congresso, discute se a prorrogacao da zona franca de Manaus por mais 50 anos, caso contrario o caos econômico se instalara por completo na Amazônia. Nao ha, infelizmente, comissão que discute a implantação de modelos de crescimento da piscicultura, das indústrias com base nos produtos da floresta ou no desenvolvimento do extraordinário potencial turístico da maior floresta tropical do mundo e meio onde se encontra a maior bio-diversidade do planeta, que certamente abriria novas portas de oportunidades desenvolvendo o interior e valorizando a cultura da nossa gente.
Chegou a hora da economia do nosso estado andar com as próprias pernas, lançando de si a capa da paralisia e da dependência do olhar comiserado do restando do Brasil.